Era uma vez uma menina com cabelo de anjo. Pequena e paparicada como uma boneca. A primeira e ate então a mais bela. Princesa- rainha.
Mãozinha pequena, sem redundância, apenas porque seus olhos grandes! Um futuro todo.
Andava enfeitada com fitinhas no cabelo. Aquele cabelo de anjo.
Andava enfeitada com fitas em seus vestidinhos, sapatinhos! Até nas meias. Ah essas fitas. Ahh esses laços.
Toda mimosa.
Ela cresceu, um pouco. E na meninice criava histórias. Fantasiava horas a fio. Era apenas ela e uma fita laranja com a qual bailava ludicamente por entre seus dedos... Laços criados.
Ela cresceu, mais um pouco. Foi pra vida. A fita, tão chegada, ficou no passado. Foi esquecida. Não era mais possível combinar os dois mundos. Aquele da fantasia com aquele que tantas vezes a fez rir, chorar, aprender, construir, estudar, viajar, trabalhar, namorar...
Ela, já grande, mas nem tanto de tamanho, nem percebia que colecionava fitas. Simplesmente gostava. De diversas origens. Dos presentes, do embrulho de bolo, de cabelo... E fazia laços. Começava com um nó, depois um laço, outo laço, mais um nó e pronto!
Laços de fitas que enfeitavam suas roupas, seu cabelo de anjo, ainda os sapatos, bolsas e carteira. Em tudo havia uma fita, alguns nós e então laços.
Sempre gostou, nunca entendeu.
Até que numa noite fresca, ouvindo a boa música sem saber de onde veio...ela se lembrou da sua primeira fita. Companheira inseparável, onde conscientemente tudo começou. E foi com um único pensamento que entendeu. Entendeu que apesar desses laços concretos que a acompanhavam desde sempre ela possuía tantos outros. Tão presentes quanto, mas totalmente metafóricos. Laços de família, de amizades, laços de relacionamentos amoroso, laços com vínculo empregatício. Achou poético. E ela também percebeu que eram lindos, fortes, diversos, sinceros. E em outro pensamento percebeu que exatamente no meio deles (dos reais e dos sentimentais) haviam nós. Um emaranhado deles, uma porção deles. Nó. Nós! Ela também se lembrou de nós que ela mesmo desfez ao longo de sua vida, de nós que estavam frouxos, de nós que não ligavam nada a coisa alguma ( não pense você que isso não é possível). Lembrou-se até de nós que ela nunca quis fazer, mas que estavam lá. E esses podiam ligar o nada à coisa alguma e ainda tinha aqueles que se confundiam, estavam ligados entre si.
E nessa mesma noite, onde tantas e outras descobertas foram feitas, onde tantas e outras lembranças invadiram seus pensamentos, a menina das fitas não conseguiu dormir..
Procurou em sua coleção uma que fosse mais parecida com aquela primeira. Era também uma questão de textura. E passou horas, madrugada adentro, debaixo das cobertas, criando histórias, bailando seus dedos, voltando à infância.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
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