quinta-feira, 8 de abril de 2010

Comer amar rezar -O livro.

Estou lendo.
Estou devorando.
Estou me identificando.

Já chorei, já ri. Me emocionei. Eu já senti o que ela descreve. Eu jpa vivi algumas coisas... e eu acho que essa parte expressa mto bem o que isso quer dizer. Não farei considerações sobre mim ou sobre minha vivência. O foco é o livro.

Quando se está perdido nessa selva, algumas vezes é preciso algum tempo para você se
dar conta de que está perdido. Durante muito tempo, você pode se convencer de que só se afastou alguns metros do caminho, de que a qualquer momento irá conseguir voltar para a trilha marcada. Então a noite cai, e torna a cair, e você continua sem a menor idéia de onde está, e é hora de reconhecer que se afastou tanto do caminho que sequer sabe mais em que direção o sol nasce.
Encarei minha depressão como se fosse o maior desafio da minha vida, e é claro que era mesmo. Passei a estudar minha própria experiência depressiva, tentando desvendar suas causas. O que estava na raiz de todo aquele desespero? Seria psicológico? (Culpa de mamãe e papai?) Seria apenas temporário, um "período difícil" da minha vida? (Quando o divórcio terminar, será que a depressão vai terminar também?) Seria genético? (A Melancolia, chamada de muitos nomes, aflige minha família há gerações, junto com seu triste noivo, o Alcoolismo.) Seria cultural? (Será que isso é apenas a ressaca de uma americana pós-feminista que trabalha tentando encontrar o equilíbrio em um mundo urbano cada vez mais estressante e alienante?) Seria astrológico? (Será que estou tão triste porque sou uma canceriana sensível cujas principais características são todas regidas pelo instável Gêmeos?) Seria artístico? (As pessoas criativas não sofrem sempre de depressão por serem ultra-sensíveis e especiais?) Seria evolucionário? (Será que carrego comigo o pânico residual que vem de milênios de tentativas da minha espécie de sobreviver em um mundo brutal?) Seria cármico? (Será que esses espasmos de tristeza são apenas as conseqüências de um mau comportamento em vidas passadas, os últimos obstáculos antes da libertação? Seria hormonal? Nutricional? Filosófico? Sazonal? Ambiental? Será que eu estava experimentando uma ânsia universal por Deus? Será que estava com um desequilíbrio químico? Ou será que eu simplesmente precisava transar?)
.......
A última coisa que tentei, depois de dois anos de luta contra essa tristeza, foi tomar remédios. Se me permitem expor minhas opiniões aqui, acho que isso sempre deve ser a última coisa a se tentar. Para mim, a decisão de tomar o caminho da "Vitamina P" aconteceu depois de uma noite em que eu havia passado horas sentada no chão do meu
quarto, tentando seriamente convencer a mim mesma a não cortar meu próprio braço com
uma faca de cozinha. Nessa noite, ganhei a discussão com a faca, mas foi por pouco.
Naquela época, andava tendo algumas outras boas idéias - sobre como pular do alto de
um prédio ou explodir minha cabeça com um tiro poderia pôr fim ao sofrimento Mas
alguma coisa no fato de passar a noite com uma faca na mão me fez ver a situação com
outros olhos.
Na manhã seguinte, liguei para minha amiga Susan bem cedinho e implorei-lhe que me
ajudasse. Acho que nenhuma mulher na história da minha família fez isso antes, sentar-se no meio da estrada daquele jeito e dizer, na metade da vida: "Não consigo dar mais nenhum passo - alguém precisa me ajudar." Parar de andar não teria adiantado nada para aquelas mulheres. Ninguém as teria ajudado, nem poderia. A única coisa que teria acontecido era que elas e suas famílias teriam passado fome. Eu não conseguia parar de pensar nessas mulheres.
E nunca vou me esquecer da expressão de Susan ao entrar correndo no meu apartamento,
cerca de uma hora depois do meu telefonema pedindo socorro, e me ver encolhida no
sofá. A imagem da minha dor refletida no visível medo que ela sentiu pela minha vida
ainda é para mim uma das lembranças mais assustadoras de todos aqueles anos
assustadores. Fiquei encolhida em posição fetal, enquanto Susan dava alguns telefonemas e encontrava um psiquiatra que pudesse me atender naquele mesmo dia para conversar sobre a possibilidade de me receitar antidepressivos. Escutei metade daquele diálogo telefônico de Susan com o médico, e ouvi-a dizer: "Acho que minha amiga vai se machucar seriamente." Eu também estava com medo.

2 E o que você sabe?:

Sandrinha disse...

Me vi em algo nisto tudo. . .

Mais de Mim disse...

O grande lance deste livro é simplesmente deixarmos de lado toda a mania de programar a vida, QUEM INVENTOU A P*RRA DA AGENDA, ME AVISA?! Planejar exacerbado só nos torna céticos e obsecados pelo previsivel. E eis que nos deparamos com a cruel realidade que a vida é uma combinação de vários acontecimentos que é humanamente impossível de controlarmos! Então, respira, viva, transa, beija, coma, reza e amaaaaaa!!!!! Beijos! Ps: teu blog é minha inspiração!